quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Monólogo de uma árvore com a copa dourada

Hoje a menina voltou. Ontem ela tbm voltou. São dias como de verão. É noite como de verão. A menina abre a janela do quarto de dentro pra fora. Parece uma  janela de desenho. Ela liga o som no ultimo volume. Sai pela porta da frente com uma xícara pequena nas mãos e claro, sempre o cigarro. Abre a cadeira de praia que estava encostada na parede. Acomoda-se. Fuma o cigarro. Canta. Na verdade parece mais que está dublando a música. Apaga o cigarro. Esperava que fosse entrar como faz sempre depois que apaga o cigarro. Dessa vez não. Permanece ali quietinha na cadeira. Agora parou de dublar. Fecha os olhos e encosta a cabeça na parede. Parece que dorme. Parece leve. Parece refletir. Está bem na minha direção. Tranquila como nunca esteve. Confortavelmente acomodada na cadeira de praia como nunca esteve. Na cadeira de praia que está na varanda da casa. Bem na minha direção. Me olha durante longos minutos. Parece não perceber o tempo passar. Sente a brisa refrescante tocando a pele. Parece vestida pronta pra dormir. E dorme. Ali mesmo na cadeira de praia. Deslocada de seu habitat natural. Subtamente acorda. Levanta-se, fecha a cadeira e a coloca novamente em seu lugar. Recolhe a xícara do chão. Entra pela porta da frente. pouco depois aparece na janela do quarto pelo lado de dentro. Desliga o som, fecha a janela e não aparece mais.

domingo, 22 de agosto de 2010

tudo o que sou

tudo resume-se em esperança
a menina nao gosta da esperança pq pra ela é como algo q faz mal

o amor dói e o amor está recheado de esperança
por isso dói

vou cantar essa  musica pra vc
é a síntese de mim

ela engole o gosto amargo da nicotina com ajuda de uma garrafa de água. Está ali no criado mudo. logo ao seu lado direito

não gosto da esperança
pq vendem esse sentimento como se fosse belo
vc sabe como é a esperança?
ela te alimenta das vontades de ter o q nao pode ter

não gosto do amor
pq ele nada mais é q o ódio
o ódio de nao ter o q quer ter
o ódio do nao
da negação

não gosta da alegria
pq a alegria nda mais é q a tristresa maior
a tristesa maior de não ter a alegria que durou naquele momento
q durou tao pouco
e fez-se a esperança
a partir da alegria que torna-se triste
pq sente esperança
pq a esperança está recheada de amor
pq o amor é ódio
o ódio é tbm tristesa

triste é esperança
esperança lembra alegria
a lembrança leva a saudade
a saudade é amor
amor ódio
ódio esperança
esperança amor
amor saudade
saudade dói

alegria dói retroativamente
alegria doída retroativamente é saudade
saudade amor
amor ódio
ódio amor

alegria amor esperança saudade dor tristesa
necessáriamente nessa ordem
tudo o que sou

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

é pq estou trabalhando agora

É pq pecado é provocar desejo e depois renunciar.
PECADO É PROVOCAR DESEJO E DEPOIS, DEPOIS... RENUNCIAR. Isso é pecado. Provocar desejo e depois renunciar é pecado.
Sinto meus poros vibrando até agora.
Pra que pudor?
Pra que medo?
Precisamos ser conscientes?
A vida é um moinho.
Pega essa onda, pq daqui a pouco ela acaba e ai fica o arrependimento de não ter feito. O que é muito pior.
Não perca seu tempo estando em cima do muro. Mande a merda o gerundismo e seja feliz.
Seu corpo diz o que as palavras contrariam.
Não se martirise. Desgraça pouca é bobagem.
Só não seja malvado comigo quando o arrependimento bater na sua cachola. Vc não vai pro céu desse jeito.
Meio termo pra mim não rola.
Não precisa nem prometer nda pq eu sei muito bem o que vc quer comigo. Aliás, o que vc quer de mim.
sem graça é estar ao meu lado e não fazer o que tem vontade.
Tudo bem, vc estava bebado e eu tbm.
Justificativa temos.
Um belo brinde a hipocresia que nos rodeia.
Brindemos.

texto redigido dia 17/10/2009

O que explica alguém se doar tando sem a pretenção de ter algo em troca?
O que explica se não o amor? A menina descobriu com suas frustrações, que é capaz de amar como não imaginava. Que bom! Isso é bom. Ela ouviu as palavras que o Vinicius susurrou em seu ouvido. Agora ela já pode morrer, pois tem a certeza de que amou.
O que mais poderia ser o ódio se não o inverso do amor? Talvez se não fosse o amor que ela sentiu (e talvez ainda sente), ela não sentiria ódio.
Mas agora é hora de despachar tudo isso. Seja amor ou  ódio. Está na hora de por um ponto final definitivo. Pq a menina sente que ja fez tudo o que pôde.
O que poderia alimentar a esperança, mesmo vendo que tudo já virou cinzas, se não o amor? Pois a menina tem esperança. Todos os dias ela se renova, mesmo os acontecimentos lhe confirmando que não vale a pena se quer ter esperança.

ansiosa. não é pra entender... entenda.

Vou finalizar a garrafa de conhaque e beber café frio enquanto fumo mais um cigarro para disfarçar a ansiedade que me visita todos os meses no fim do período fértil.
Aproveito a lua sorridente lá fora, que invade a cozinha pela janela junto com o vento que, por sua vez, congela a ponta dos dedos. Os dedos que tentam a todo custo fazer tudo ao mesmo tempo. Segurar a guimba do cigarro, beber mais um gole de conhaque, digitar... enfim... um grito contido. De socorro q diz na voz de Edith Piaf  "Ne me quitte pas".
Na sequencia da playlist vem a doce Nara Leão com toda serenidade cantando trocando em miúdos. Pacificamente. Esse Chico!

Pra que não é mesmo?

Disfarça a ansiedade nessa noite sombria. Sexta 13. As respostas foram encontradas. Estou muito mais em paz agora do que a menos de 24 horas atrás.

Decidi intercalar as lampadas acesas. Uma sim outra não. a luz da garagem é sim, e faz sombra no rabo do gato que está parado diante da porta e só balança o rabo, mas o rabo parece a folha verde de uma planta. Aliás, acho que é o contrário.

Os ruídos da geladeira branca que está na cozinha com a luz não, nem chegam perto do ronco do avô. Hoje ele é como uma criança que acaba de nascer. Está aprendendo a andar com andador. Fico mais em paz quando ele está. Engraçado... pergunto se ele sente frio. Tem sempre a resposta na ponta da língua. Diz q não. Comento q está com o sobre tudo espinha de peixo sobre os joelhos e ele justifica a ausencia do frio, talvez a presença do calor justamente por causa do sobre tudo. Fico surpresa. Ele me desbancou!!!

Mas a ansiedade. Tento estudar, arrumar dinheiro, ajudar a produzir um show, mandar a documentação para o mecenato dormir a noite e viver de dia e nao o contrário. Tento lembrar da ortografia e gramatica. Das equações de PA. Da Clarisse. escuto The build up. É o caos no pensamento. e Sinto-me em paz. Porém ansiosa, As unhas ja acabaram, mais uma dose de conhaque e ele acaba tbm. Sexta feira e eu na cozinha com a luz não. a cadela late toda vez q passa um madrugueiro na rodovia paralela. Sinto-me em paz. Mas saudade também sinto. E, veja... quando eu ficar velha quero estar como meu avô que ainda sorri, mesmo quando tem q aprender a andar novamente.
Quero a serenidade de Cristo de Nara e de meu avô.

Mudei o rumo da minha vida, só hoje, pelo menos umas 5 vezes. Levei 5 dias pra decidir o que iria fazer hoje.... sabe como?

Uma paz ansiosa.

Queria achar aquele texto q fez passar a dor na lombar, logo ali onde tem as covinhas do  cóx. Sim, foi o nosso amigo que nos apresentou o texto que não tenho... e q não achei na pagina de pesquisa do google.

Tanto faz. Hoje só resta uma alternativa, até eu acordar amanhã e mudar os planos pelo menos umas cinco vezes durante o dia. Na verdade verdadeira vareia conforme as mudanças climáticas dessa cidade sempre cinza opaco. E vareia tbm conforme a qualidade da minha insônia.

Quero tanto chorar desde a hora em q acordei. Mas sabe, é um grito contido, contido. Está pelo menos a mais de um ano dentro de mim. Dentro da bolha. Dentro do coração estúpido bolha. Dentro do poço sem molas. Dentro do osso do calcanhar que um dia me fez pensar q eu era igual a nada. mas o fato de acordar no dia seguinte me fez acreditar que se eu estava ali, no mínimo é pq não devo ser um nada. Talvez não mta coisa, mas não um nada. só não sei o que sou... e até ontem isso era motivo para suicídio. Ufa! ainda bem que sou medrosa.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre as conspirações

Algumas coisas acontecem involuntariamente. E dói. Sempre todos os dias antes de dormir e depois de acordar. O mundo conspira a nosso favor, mas sempre em segredo. Descobrimos só depois de todo o sofrimento. E só conseguimos descobrir o segredo dessa conspiração se pararmos durante alguns segundo pra refletir a respeito. Algumas pessoas escolhem refletir. Outras agem naturalmente, deixam as coisas acontecerem sem precisar de maiores explicações mundanas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Cansei

E dói. Dói pq estou cedendo. Cansei da batalha. Estou cedendo. Está vendo? Tô me jogando aqui de corpo inteiro e não me importo com mais nada. Deixo pra trás a esperança. Abandono os meus toscos princípios. Faça o que quiser. Vocês fazem eu engolir essas idéias ridículas. Esse capitalismo ridículo. Eu juro pelo o que há de mais sagrado que tentei até o ultimo minuto fazer o melhor pra mim. Tô achando que o mundo não concorda que minha decisão seja a melhor. Esse mundo acaba sendo pequeno para o meu tamanho de sonhar. Desisti. Até de sonhar. Não me importo já disse. Eu aceito as condições, eplo menos por enquanto. Pelo menos pra um dia não ter que aceitar mais. E só.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pensamento matinal

O termômetro diz que o céu está basicamente nublado e marca 8°C. A vida tem sido assim. Quando não são dias humidos são dias gelados. Aí, derrepente, sai um sol lindo e quente, e você consegue até andar de camiseta na rua. Isso é um veneno. Alimenta as suas esperanças. Faz você sorrir a toa. Faz vc acreditar na bondade do ser humano. Faz você ter vontade de viver. Invade tua casa de euforia. Vê as crianças brincando na rua. As roupas secam no varal e ficam cheirosas. É lindo! É lindo! Dura um dia! Um único dia. Nada mais que isso. Não dá nem tempo. No dia seguinte vc acorda e não quer acordar. Pq o tempo está novamente básicamente dublado. O céu está de novo, cinza-opaco. E vc diz pra sua consciencia. Vai passar. Mas demora tanto, tanto. Dá até dó. Que seja. Um brinde ao par de pés gelados. Um brinde ao aquecedor no piso de lajota do quarto e ao aquecimento global. Vamos celebrar, pq não temos espaço pra ficar chorando as pitangas, e nem ao menos ficar na cama. Acorda guria.

Índios e Chiclete

Ontem assisti a um documentário sobre uma tribo indígena. Sinceramente não me lembro o nome da tribo, mito menos aonde eles estão. Só sei que não falavam português. O fato é que fiquei surpresa, principalmente, com os depoimentos dos mais velhos. Eram senhores, que usavam alargadores nas orelhas e pintavam o corpo de vermelho. Eles estavam preocupados com o comportamento dos jovens da tribo. As crianças juntavam moedas pra comprar chiclete numa vendinha, dali mesmo, dentro da tribo. Algumas crianças não tinham moedas, e pediam chiclete fiado para o comerciante, que também é índio. Os mais velhos falavam que as doenças brancas iriam matar os jovens da tribo. E que antigamente não existiam doenças. Eles lembraram que antes, tudo o que se produzia eram das suas plantações, que eles não matavam os bichos, a não ser que fosse pra comer. Antes eles tinham sempre terras férteis pq cuidavam dela. Hoje em dia, estão cercados por plantações de soja, que não lhes servem pra nda. Os índios não conseguem mais sobreviver. Os jovens das tribos usam roupas descoladas, e inventam danças novas, misturando um pouquinho das antigas tradições e muito dos passinhos da Shakira. Os velhos não gostam. Na verdade, eles estão vendo que a continuação da cultura, da raiz está acabando. Mas isso não é o pior. Realmente fiquei mesmo uns dias pensando na cena das crianças comprando chiclete com umas moedinhas. Eles são índios! Foram excluídos da sociedade capitalista, que chegou tomando conta das terras férteis. Os índios não precisavam de moedas. Muito menos de chiclete. E eram saudáveis. Quem inventou que eles precisavam de chiclete? E quem inventou que eles precisavam de dinheiro pra comprar chiclete? Quem vai saber curar suas doenças, quando vemos que seus hábitos mudaram drásticamente? Antes eles tinham o controle, das terras, da alimentação, das doenças, da sobrevivência. E aí, derrepente, a globalização chegou. E junto com ela, a miséria. E as moedinhas que as crianças custaram pra conseguir... e o chiclete que as crianças custam a comprar. Merda de capitalismo de merda! Os ídios não querem saber de chiclete. O mundo não precisava de chiclete. Chiclete custa caro pra humanidade.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Diário de estudante

Esse impulso. Esse impulso de querer escrever todo o tempo, o tempo todo, não é de hoje. Há dois dias tenho estudado literatura com grandes mestres durante 4h contínuas. Primeiramente, devo dizer, parece que as horas não passam... segundamente, devo dizer que durante essas 4h contínuas de discussões a boca saliva, saliva, saliva a ponto de nos afogarmos dentro de uma sala quentinha e aconchegante. Mais que isso ainda, sinto uma imensa vontade de escrever... ok, não sou tão boa assim quanto imagino, porém, quero registrar que esse impulso incontrolável não é de hoje. Acho q nasci com essa vontade de utilizar algo como uma válvula de escape para os sentimentos e pensamentos inconstantes e perturbadores da minha vida. Nunca mandei bem em gramática, ortografia, coerência e coesão, e mesmo assim, sempre escrevinhei uns rabiscos em qualquer papel de borrão! Mas, quando temos grandes mestres nos ensinando o perfil da literatura, dos autores, da história, expandimos os horizontes e nos deixamos levar pelo mundo de cada conto, cada poesia, cada história que dissecamos apressadamente durante as aulas. Eis que surgem as explicações para o fato. Admito que gosto de ler, mas tbm não é o meu forte. E, apesar da insistência dos professores, viciados em literatura, acabo substituindo a leitura pelo prazer de concretizar meus pensamentos, utilizando como ferramenta os textos escritos. Entende? Entende? Melhor ainda é descobrir que fulano ignorava as regras da língua, e ciclano deixava-se levar pelas palavras aleatória que apareciam na cabeça e dessa bagunça toda surgiram nossos queridos autores, escritores, poetas, que causaram reações de alguma maneira dentro de um contexto histórico e hoje são os requisitados para a prova do vestibular. É o que digo meu caro... todo conhecimento é válido. E isso quem me ensinou foi meu pai!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Persona- Clarisse Lispctor

[...]"Escolher a própria máscara é o primeiro gesto voluntário humano. E solitário. Mas quando enfim se afivela a máscara daquilo que se escolheu para representar-se e representar o mundo, o corpo ganha uma nova firmeza, a cabeça ergue-se altiva como a de quem superou um obstáculo. A pessoa é." [...]

[...]"É que depois de anos de verdadeiro sucesso com a máscara, de repente – ah, menos que de repente, por causa de um olhar passageiro ou uma palavra ouvida – de repente a máscara de guerra de vida cresta-se toda no rosto como lama seca, e os pedaços irregulares caem como um ruído oco no chão. Eis o rosto agora nu, maduro, sensível quando já não era mais para ser. E ele chora em silêncio para não morrer."[...]

Trechos de um artigo escrito em 02 de março de 1968 Por Clarice Lispector, intitulado “Persona” .

A chuva volta e não da treguá
Junto com ela o cinza opaco da cidade e o vento gelado que congela as mãos
Uma segura o cigarro, e a outra persiste em digitar meras palavras a lá Clarisse Lispector
A paz na solidão nunca teve companhia melhor
As dúvidas persistem em perseguir a página de pesquisa do google

Que se foda
foda-se a incoerência a grafia incorreta a ortografia imposta por tais
Quero mais é poder me libertar
ser libertada de tanta ditadura implícita pela web
Quero mais revolucionar meu mundo
Direito meu e não abro mão!
Quero mais é acentuar no a e virgular a proxíma palavra
,
Quero brincar de ser artista e me descrever metriz
Nada precisa ser verdade a não ser que não queira crer
Quero mais interiorizar o exterior e exteriorizar o interior
Quero um tet a tet com Monteiro Lobato e seus Urupês
Quero a palavra música, quero a música poesia
Quero tons de prosa como Ferreira Gullar
Não quero errar os nomes, não pretendo esquecer as preposições
só sei do que não gosto
Quero pausar o momento, o sentimento singelo, nobre, belo, que me AUTOAFOGA
Quero Frida, sou como Orfeu para com Eurídice
Quero ser tão sertão sertão vai virar mar...
quero dançar em Cuba, quero me desfragmentar
Quero tão somente amar
amor meu grande amor
Deixa o pensamento vagar
passear entre as palavras que invadem a mente

e faz-me acordar de madrugada, sem nexo sem sentido, sem pé nem cabeça apenas pq sinto uma vontade descontroladora de complicar o pensamento e conseguir de alguma maneira me explicar. As vezes penso que gostaria de ter um gravador em audio do que se passa na cabeça pra não perder nem uma palavra. Elas fogem quando tenho vontade de guardar. A vontade de escrever livros e inventar filmes vem de pequena. Ainda lembro bem dessa bagunça apenas pq escrevia no diário com a capa do Mikey. E tudo acaba assim, assim como bater o portão sem alarde, documento de identidade e a leve impressão de que já vou tarde.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Exposto

O Cheiro de cigarro impregna o quarto da menina, que sente as orelhas quentes e o par de pés gelados. Quando ela abre a porta o bafo se espalha pela sala. Vai até a cozinha bebe um copo de água clorificada lentamente. Apaga as luzes a cada novo passo e mergulha no seu breu em bolha novamente. Nesta madrugada ela decidiu orar com a esperança de que algo milagroso toque o seu coração. Espera por uma resposta imediata mas sabe que as coisas não funcionam assim nem com Deus. Este mesmo, respeitoso senhor o qual a menina durante muitos anos duvidou de sua existencia. Nesta madrugada umida e gelada de Curitiba a menina chegou a humilde conclusão de que o senhor respeitoso papai do céu é a entidade na qual ela deve depositar seus resquisios de esperança que guarda, em algum lugar... talvez dentro do mesmo potinho onde estão as guimbas e cinzas dos seus 3 cigarros noturnos. Acompanhados pelo vazio no estômago que no silêncio da casa faz um barulho ensurdecedor juntando-se a insônia de todas as noites. A roda gigante da vida gira em alta velocidade mas a menina tem medo de altura. Esse medo sempre chega ao alcance da lembrança quando ela esta decidida em começar a agir. E aí o medo faz a menina ficar perdida nos pensamentos noturnos, pois sente-se mais segura na sua cama, bem distante do pico da roda... enquanto isso a roda gira, gira, gira... o cronometro dispara e o tempo se esgota. Béeeeeeeeeee. Ela perdeu de novo. Continua observando a vida vazar por entre os dedos e as palpebras q choram durante a oração. Tem a leve impressão de que está pedindo por ajuda. Percebe que os pequenos sucessos que obteve não são de seu mérito. Se decepciona com a sua incapacidade de ser independente. Imagina que as pessoas desaparecem quando gritamos para o mundo que estamos precisando de ajuda. É como se todos pensassem ao mesmo tempo: " Isso, minha cara, definitivamente não é problema meu". A menina concorda, claro, mas não quer acreditar, que agora, chegou a hora de caminhar sozinha... apenas por um tempo curto. Acha estranho repensar as decisões que já estavam decididas. De onde saem tantas dúvidas? E pq mudar os planos que foram planejados meticulosamente e é provavél que dê certo? Horas, minha cara... no fundo vc sabe que não passa de ilusão. Uma coisa é querer e outra coisa e poder. Entende? Está muito além da compreensão de psicólogos e psiquiatras. A menina lembra que perde a memória com facilidade e já havia esquecido do par de pés gelados. Pesquisa no google o termo que acha interessante pra ter certeza de que a concordância está correta. São 3 horas da manhã e a menina sabe que corre um grande risco de esquecer os planos dessa madrugada quando acordar amanhã. Se isso acontecer, será mais um dia perdido e mais uma noite perdida quando não se tem mais tempo pra perder. Jovem menina pouco doce, chegamos ao momentos em que os atalhos não são mais permitidos. É uma pena não poder colar na prova pra se iludir com as boas notas.