segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Exposto

O Cheiro de cigarro impregna o quarto da menina, que sente as orelhas quentes e o par de pés gelados. Quando ela abre a porta o bafo se espalha pela sala. Vai até a cozinha bebe um copo de água clorificada lentamente. Apaga as luzes a cada novo passo e mergulha no seu breu em bolha novamente. Nesta madrugada ela decidiu orar com a esperança de que algo milagroso toque o seu coração. Espera por uma resposta imediata mas sabe que as coisas não funcionam assim nem com Deus. Este mesmo, respeitoso senhor o qual a menina durante muitos anos duvidou de sua existencia. Nesta madrugada umida e gelada de Curitiba a menina chegou a humilde conclusão de que o senhor respeitoso papai do céu é a entidade na qual ela deve depositar seus resquisios de esperança que guarda, em algum lugar... talvez dentro do mesmo potinho onde estão as guimbas e cinzas dos seus 3 cigarros noturnos. Acompanhados pelo vazio no estômago que no silêncio da casa faz um barulho ensurdecedor juntando-se a insônia de todas as noites. A roda gigante da vida gira em alta velocidade mas a menina tem medo de altura. Esse medo sempre chega ao alcance da lembrança quando ela esta decidida em começar a agir. E aí o medo faz a menina ficar perdida nos pensamentos noturnos, pois sente-se mais segura na sua cama, bem distante do pico da roda... enquanto isso a roda gira, gira, gira... o cronometro dispara e o tempo se esgota. Béeeeeeeeeee. Ela perdeu de novo. Continua observando a vida vazar por entre os dedos e as palpebras q choram durante a oração. Tem a leve impressão de que está pedindo por ajuda. Percebe que os pequenos sucessos que obteve não são de seu mérito. Se decepciona com a sua incapacidade de ser independente. Imagina que as pessoas desaparecem quando gritamos para o mundo que estamos precisando de ajuda. É como se todos pensassem ao mesmo tempo: " Isso, minha cara, definitivamente não é problema meu". A menina concorda, claro, mas não quer acreditar, que agora, chegou a hora de caminhar sozinha... apenas por um tempo curto. Acha estranho repensar as decisões que já estavam decididas. De onde saem tantas dúvidas? E pq mudar os planos que foram planejados meticulosamente e é provavél que dê certo? Horas, minha cara... no fundo vc sabe que não passa de ilusão. Uma coisa é querer e outra coisa e poder. Entende? Está muito além da compreensão de psicólogos e psiquiatras. A menina lembra que perde a memória com facilidade e já havia esquecido do par de pés gelados. Pesquisa no google o termo que acha interessante pra ter certeza de que a concordância está correta. São 3 horas da manhã e a menina sabe que corre um grande risco de esquecer os planos dessa madrugada quando acordar amanhã. Se isso acontecer, será mais um dia perdido e mais uma noite perdida quando não se tem mais tempo pra perder. Jovem menina pouco doce, chegamos ao momentos em que os atalhos não são mais permitidos. É uma pena não poder colar na prova pra se iludir com as boas notas.

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