sábado, 29 de maio de 2010

nota reflexiva

Sim tudo vai bem obrigada. É claro que não exatamente, mas sinto que tenho que acreditar que sim, tudo está bem... obrigada. É pq não dá pra ficar muito tempo sem dormir. Minto, sem dormir de verdade entende? Para isso, faz-se necessário resolver os problemas, ou simplesmente ignora-los. Para dormir... bem e sei lá. Fique sozinha então num sábado a noite baixando novas músicas antigas no seu notboook novo que não é exatamente seu pq vc não pagou ainda. E o que dizer não é? Sabe, essa menina é mesmo estranha. Ela chega no bar quando todos estão a caminho de casa. E toma uma cerveja sozinha. Procura algo interessante na cidade pra fazer depois de sair do trabalho. Sim, a programação cultural é boa. Mas a menina sabe que amanhã irá esquecer das opções. Entende? Ela só quer dormir. Desculpe... ela, a menina, só quer dormir bem... descansar o corpo que se queixa de dores nas costas. Sabe como? Quer um pouquinho de paz. Para isso faz-se necessário matar o tempo. Que nos ultimos tempos tem sido cada vez mais curto. Sim, ela encurta o tempo para dormir de verdade, descansar de verdade, não pensar bobagem.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Monólogo de uma árvore com a copa dourada

Essa menina parece que derrubou suas angústias todas sob minha copa dourada. Depois que ela cortou os cabelos e pintou as unhas, dizem, parece estar mais mulher. Eu sei bem do que estou falando pois é o que vejo. Vejo pouco é verdade, mas vejo. É pq o que eu vejo mais ninguém vê. Quando essa menina sai de dentro de casa com sua canequinha em uma mão e o cigarro em outra, vestida com seu sobre-tudo preto ( que só usa em casa, já reparei), quer dizer que precisa desabafar para no mínimo, conseguir dormir. Para no mínimo conseguir acordar depois. E a quem essa menina recorre? A uma árvore, estancada na varanda da frente, com a copa dourada. Que nada pode dizer, nada pode fazer, só faz ver a menina. Só posso ver a menina quando ela não quer que mais ninguém a veja. Quando ela decide não se mostrar pra ninguém só eu, uma árvore, a vejo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Diário de Produção

Como o meu pai diz... nda como um dia apos o outro... no meu caso nao precisei nem dormir num dia para depois acordar no outro.... nao deu tempo. Quando vi o dia seguinte ja havia chego e estavamos resolvendo tudo. Como deveria ter sido feito.Quando trata-se de cinema um dia tem doze horas. Somos todos ciganos. Em algumas situações o improviso faz parte do profissionalismo. E que família grande! Aos poucos vamos descobrindo aquele primo distante, aquele tio que parecia chato mas no fundo é gente boa pra caramba. Sei lá... é como um mundo paralelo que vivemos todos, todos os dias, e compreendemos. E o que dizer dos problemas? da intolerância que nos ultimos dias que antecedem a folga parecem estar a flor da pele? Calma... som foi, câmera foi... respire fundo antes do diretor gritar ação e agora vamos descansar. Quem sabe quando sobrar um tempo entre um rec e outro podemos até arriscar uma partida de pebolim no bar... ou de basquete na cancha da vila. Depois faremos a reunião tensa na mesa do bar em frente a igreja onde os crentes dizem aleluia diante a câmera. É bem isso! Somos uma coisa só pq assim será o produto do nosso trabalho. Pq lá na frente quando for mais um filme na telona nada vai dividir subtrair ou somar o trabalho de cada um de nós pq vai ser e será um único CIRCULAR.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Diário de Produção



Sim. Não ha nda o que a gente nao possa fazer. Tive medo. Pensei (mais uma vez) que nao fosse conseguir. E descobri (mais uma vez) que consigo. Em 12h de trabalho noturno cresci mais que o dobro do que imaginava que cresceria. Nem o frio desanimou. Nao tive sono. Apenas, tao somente, medo. Tudo aconteceu tao rapido. Num instante eram entulhos de madeira a beira de pegar fogo. Em outro, nao mais que derrepente, um ring para uma luta clandestina. 50 figurantes gritando fervorosamente. Movimentacao de equipe com radios ligados full time. Brigada de incendio, caminhao de producao, cafeteira de 6 litros que acaba em meia hora. Uma mini-cidade (Dogville) pronta em 30 minutos e despronta em outros 30. Quando tudo voltou a ser um breu, quando o estacionamento voltou a ser apenas o estacionamento, quando os entulhos voltaram a ser entulhos e as quase 115 pessoas desapareceram... subtamente senti-me aliviada. E comecei um novo dia, com um lindo nascer do sol a caminho de casa e ao som de Chico Buarque... eu vejo a barra do dia surgindo pedindo pra gente cantar...

sábado, 15 de maio de 2010

sobre a menina

Cortaram a copa dourada da minha árvore. Joguei fora as roupas velhas. Mesmo assim, as fotos e as papeladas continuam lá. O fim de semana foi um sonho. Dormi com o barulho da chuva. Jantei com o pai. Passei o dia sem brigas com as irmãs.

terça-feira, 4 de maio de 2010

nota

Quem liga meia noite e dez para um escritor curitibano em seu quintal? Só pode ser Samuel lhe convidado para a festa centenaria de aniversario...
A caneca é aquecida rapidamente e depois esfria-se na mesma proporção... depois de beber o conhaque, fumar o cigarro ao som de strambery fields forever  e fazer-lhes perguntas inusitadas durmo como em todas as noites...  e sonho durante a madrugada pra esquecer na manhã seguinte ao acordar.

vai saber

Sei la... mas hoje deu vontade de falar sendo eu. Sem ser a menina, sem ser a árvore, sem falar da máscara que sabemos, está ali... É pq tenho vivido os ultimos dias como uma pessoa normal, se é que você me entende. Minha mãe fica feliz pq hoje ela pode dizer que eu trabalho. Não sei até que ponto isso é bom. Estou tentando me acostumar. Meu pai se orgulha eu sei, mas é pq ele entende. A verdade é que os ultimos dias tem sido rotineiros de mais. Sabe... não combina comigo. Mesmo assim tenho medo. Parece que o tempo está acabando. E não. Nem tanto... pq talvez o problema é que ele, de fato, não acaba nunca. Sabe não me sinto mais desamparada, não me sinto em um mundo paralelo, fora da realidade. Agora tenho meu porto seguro que, ainda bem, me segura sempre. Bom tbm. Só sei que passa. O vazio passa. A saudade, quem sabe, passa. E se tudo der certo a paixão tbm.

sobre a menina

Sim, meu céu é cinza opaco. Meu dia é sempre úmido. A minha árvore tem a copa dourada. É verdade... Não leio muito mesmo. Mas é pq não quero ser diretamente influenciada por uma linguagem que não se identifica comigo. Gosto, até gosto de ler. De preferência as bizarrices, esquisitices ou algo pós-moderno (só pra fingir que sei do que estou falando). Verdadeiramente não, não tenho a pretensão de ser uma escritora reconhecida e coisa e tal. Longe disso. É uma válvula de escape para meus pensamentos conflitantes... Por vezes até angustiante. E está tudo aqui. Registrado nesse dicionário virtual de merda. Modernoso de mais. Quando criança escrevia no diário de folhas coloridas (tipo papel de carta) e a caneta... Vermelha pq é forte. Nunca deixei de assinar uma folha se quer. E nada de esquecer de data-las. Engraçado... escrevia q queria escrever. Nunca falava de amores platônicos ou paixonites acadêmicas. Sempre falei dos bastidores. É pq todas essas anotações toscas fazem parte da minha memória que é falha até de mais. Desculpe... eu sinceramente não lembro. Não lembro das paixonites q tive pq elas não estão no diário de criança. Quase não lembro da minha infância. Ainda bem que minha mãe tirava fotos... espalhou várias pela casa e quando está inspirada explica cada uma delas. Mas as explicações sempre são diferentes... logo, nunca sei qual é a verdade. Não sei o que toda essa gente faz aqui. Não entendo pq elas cantam essas músicas. E conversam comigo como se nada tivesse acontecido. Essa cris ficou no passado do ano passado. Sim, invadiram meus pensamentos sem pedir licença. Resgataram as lembranças. Aquelas lembranças. Doeu mais. E passou, eu sei que passou. Mas tem uma frestinha desse sentimento que não sei se é ódio ou amor, se é uma coisa só... não sei o que é. Isso eu não consigo esquecer. mesmo querendo. Mesmo não querendo. Volto a fazer a antiga pergunta da cris. Pq não sai da merda da minha cabeça?