Dossiê com o registo individual de habilitações ou de experiências do ato de pensar. E só!
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Sobre a morte da saudade.
Como é bom o gosto da saudade quando matamos a saudade. Sabe como? Sim a menina precisa trabalhar mais o desapego. De fato. Mas, por que então deixar pra trás coisas que faz bem? Haaa... essa menina. não cansa de sentir saudade. Sua necessidade dramática talvez seja essa mesmo. Sentir saudade, para depois matar a saudade para, só assim, perceber o verdadeiro valor de cada movimento seu. Para depois colocar na balança o peso de suas atitudes e decisões.... e ver que realmente valeu a pena. Só ela sabe disso. Quem mais pode entender?
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Ballet da centopéia
vendo essa tua foto eu penso que você não existe
ainda bem que eu te vejo mesmo assim
em cima de uma zebra eu chego num jardim
50 lagartas me olham
balé da centopéia na escada
traz água pra mim
vendo essa tua cara eu sinto que você não me diz
ainda bem que eu te leio mesmo assim
embaixo da minha cama eu quero um chafariz
nenhum fantasma me assombra
o sol derrete lá fora
encosta tua cabeçinha no meu ombro e chora
vendo essa tua foto eu sinto que você não me diz
ainda bem que eu te beijo mesmo assim
em cima de uma zebra eu quero um chafariz
50 lagartas me olham
o céu derrete la fora
encosta tua cabeçinha no meu ombro e chora
Letuce
ainda bem que eu te vejo mesmo assim
em cima de uma zebra eu chego num jardim
50 lagartas me olham
balé da centopéia na escada
traz água pra mim
vendo essa tua cara eu sinto que você não me diz
ainda bem que eu te leio mesmo assim
embaixo da minha cama eu quero um chafariz
nenhum fantasma me assombra
o sol derrete lá fora
encosta tua cabeçinha no meu ombro e chora
vendo essa tua foto eu sinto que você não me diz
ainda bem que eu te beijo mesmo assim
em cima de uma zebra eu quero um chafariz
50 lagartas me olham
o céu derrete la fora
encosta tua cabeçinha no meu ombro e chora
Letuce
Sobre o Senhor
Aos oitenta e nove anos e treze dias ele era um senhor que andava pelas ruas de Curitiba visitando cada um de seus filhos. Piuchado como sempre andam os gaúchos. Aos oitenta e nove anos e quatorze dias ele dormiu. Acordou, mas parece um bebê. Desses que você tem que estar ao lado pra não cair da cama, pra trocar a fralda, pra dar comida. Desses que você tem que explicar tudo vagarosamente. Desses bebês que são espertos, entendem... mas é preciso ter paciência pq os bebês precisam da gente 99,9% do tempo. A menina esta atenta. Chora baixinho estendida no chão da cozinha. Respira. Procura entender o que nem a ciência sabe explicar. Fuma mais um cigarro com os pés descalços no piso gelado. Esta atenta, e tensa. O corpo dói.
Regressão
A cadeira de rodas está no meio da sala. Surpresa. não pode ser... aquele nó na garganta voltou. Tudo é mais simples quando se tem dinheiro. Não diga que não. Essa é a mais pura verdade desse mundo capitalista de merda. Inferno. Uma regressão. O pior é que ja sei como as cosias serão daqui pra frente. Sei bem... não que eu seja egoísta... mas... minhas coisas? Poxa, não lembraram de de deixar um cobertor. Volto para o sofá. Voltei para o sofá. Amanhã será mais um dia daqueles. sim eu sei. Também sei que vai passar. Mas demora... noites sem dormir... dias sem sair de casa. indecisões. Umida. Tudo por causa da porra do dinheiro. Tudo por causa da porra do dinheiro. Tudo por causa do dinheiro.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Diário de Produção
O que essa menina aprendeu então? Aprendeu a ter mais paciência. Na prática, aprendeu que realmente nem Deus agrada a todo mundo, pelo menos não o tempo todo. Essa menina... Aprendeu que a sua eficiência não depende só dela, mas que também se não existiu eficiência, ela é que foi incapaz. E ainda a menina terá que assumir. Vai assumir se assim tiver que ser. Haa... essa menina. Muito menina ainda. Ela perdeu a noção do que é certo ou errado. Claro, pense bem... depende da referência! E referências ela teve de sobra. Por isso teve medo. Arriscou menos do que o que gostaria. Certo... a vida inteira foi assim. E agora? Agora que tudo acabou na prática qual será o próximo passo dessa menina? Ixi... ela volta a ter medo do abismo que está logo ali... atrás do próximo passo. Entende? Se quer saber nem Freud entende.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Sobre a menina, a árvore e o diário de produção. Tudo misturado.
Ha dias a menina tem esperado pela morte. Não a dela. A da Tia. A do avô. E o que a gente faz? Ignora. mergulha no trabalho norturno. Curte o frio da madrugada, e o sol nascendo no dia seguinte. Finge que está acabada por causa da van que atrasou. Atrasou a equipe. Atrasou a gravação. Esqueçe que aquela mulher esta no hospital inchando. Esqueçe que o avô dormiu e não conseguiu mais acordar. Espera uma única ligação dizendo que acabou a vida dela, a vida dele. Chora durante o tempo da música. E depois? Depois liga pra saber se a van atrasou de novo. Depois toma um banho quente, coloca uma roupa quente. Pega um ônibus filho da puta na madrugada fria. Cumprimenta todos, e mergulha no trabalho. Até a ligação chegar.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Monólogo de uma árvore com a copa dourada
Faz tempo que não a vejo. Ela dorme durante o dia, e sai de casa a noite. Chega de madrugada. De van, ás vezes de caminhão. acredita? Faz tempo que não a vejo. Parece mais mulher, mais ocupada. Isso deve fazer mal. Ela nem fuma mais na varanda. Ha que saudade. Sabe por que? Hoje ela voltou. Como sempre volta... como antes. Uma caneca, um cigarro, fones no ouvido, sobretudo preto. Hoje a menina, que já é uma mulher, voltou. Não consigo mas ler o que ela pensa. Parece que construiu uma parede entre um lado da rua e outro. Mas sei que alguma coisa acontece, porque ela voltou. Certamente para conversar com a árvore, mesmo sem dizer nda. Sabe como é? Sim, ela precisa se intoxicar com a fumaça do cigarro misturado com a neblina gelada da madrugada, encostar a cabeça na parede... fechar os olhos... sentir liberdade. está ali, como sempre se aparecendo para uma árvore... quanta mediocridade para uma menina.
domingo, 13 de junho de 2010
Diário de Produção
Intoxicação. Chocolates, vinho, cigarros. Frio insuportável. 12 de junho, dia dos namorados. Data comercial. Quem faz cinema só trabalha. Tenso. Dor na coluna. Frio. Reclamações, barulho, frio, pessoas, pessoas falando, pessoas gritando.Pessoas. Dor de cabeça. Equipe, figuração, elenco, motoristas, guardinhas do detran. Dor de cabeça, dor na coluna. Frio, sono, estress. A soma de tudo se resume, no produto final, em um loooooooooooooooga-metragem. Foda. Será q é isso mesmo? Fazemos certo quando desistimos de princípios pq o corpo cansa de lutar? Ou será que quando assinamos o contrato, em algum cantinho com letras miúdas estava escrito: "Não terás vida"? Vai entender. Acho mesmo q essa gente é loca demais. Sim, eu me incluo nessa. Claro nada é perfeito, nem Deus agrada a todos. Mas será que justifica? Falta bom senso. Falta força de vontade, falta meter a cara,vestir a camisa, se doar mais. Dar o sangue. Falta mais gente pra obedecer e menos pra mandar, ou alguém q sabe mandar. Ok, tentaremos dormir pq a brincadeira não acabou ainda. Mas me diga, será q dá pra dormir? Acho q esse trampo é desumano demais. Todos já estão cansados. Qualquer movimento é fatal. Entende? É dificil, a essa altura, perceber o q realmente é prioridade. Os valores se perdem no meio do caminho. Ok, então, calma. Respira fundo e mergulha de novo, falta pouco tempo. Conseguiremos.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Diário de Produção
Não temos o controle do tempo. Logo ele descontrola nosso cronograma. Hoje o dia esteve mais cinza, mais umido, mais preguiçoso, menos produtivo. É como se o cansaço chegasse mais cedo. Precisávamos relaxar. Então fizemos uma reuniãozinha básica para colocar os pingos nos Is e reanimar a equipe. As consequências da reunião veremos amanhã no começo da diária. Eu imagino que não será algo ruin. As vezes esquecemos que existe, também, uma vida social. Quando chega nesse ponto é hora de chutar o balde e dançar pogo.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Sobre algo além da menina
Sinto que aquela dor volta a latejar dentro de mim. E é tão mais forte do que a dor que sinto ao ver minha mãe repousando por orientações médicas. Por quê é assim? Em que momento dessa minha trajetória perdi você? E em que momento você volta junto com a dor que lateja no meu coração estúpido bolha? Sempre com as olheiras profundas... sempre com o cansaço do corpo, da mente. Dia cinza... tanto quanto outros. Cinza opaco de Curitiba. O que devemos fazer quando sentimos saudades de alguém que se quer faz parte do nosso dia a dia? é que no dia seguinte não estará mais aqui. Poxa vida, como fico triste em ve-lo triste. Pq eu sinceramente não sei como é... entende? Estive aflita. Queria te ver. E hoje chora sob meu ombro... mesmo com a dor em mim que lateja, sinto-me melhor agora.
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