Dossiê com o registo individual de habilitações ou de experiências do ato de pensar. E só!
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
sobre a menina
A menina aconchegou-se na sua cadeira de praia novamente. Como sempre estava vestida com seu sobretudo preto, munida de cigarro e a mini-xícara de café. A menina conversava telepaticamente com a árvore de copa dourada. Contava a ela que nesta noite assumiu um importante compromisso. Sim, foi depois das longas conversar com seu avô que hoje parece uma criança que não quer dar trabalho, e agradece qualquer ajuda que a menina oferece a ele com aquele olhar sensato. Antes de ir embora, o avô pediu para a menina cuidar da mãe. O avô enfatizou que as mulheres sempre precisam de ajuda... por enquanto a mãe se vira, pois ainda é jovem... mas depois, quando ela estiver velha vai precisar que a menina cuide dela. Talvez o avô tenha dito isso por considerar o cuidado que a menina tem com ele. Talvez o avô tenha dito isso por achar que as mulheres, de uma maneira geral, não serão autosuficientes depois de velhas. Talvez ele tenha dito isso por já ter um bocado de experiência de vida, por já ter visto sua esposa morrer, sua filha morrer ou por sentir que de alguma maneira será essa a menina que no fim das contas irá cuidar da mãe. Como se pudesse ver algo que as outras pessoas não veem. A menina sentiu-se abençoada. Enquanto pensava o que levou seu avô, a derrepente fazer um pedido desse, a menina sentiu-se abençoada. E por outro lado percebeu que assumiu um importante compromisso, pois disse ao seu avô que iria sim cuidar da mãe. E disse isso perante a mais de trez testemunhas. Sem dúvida um importante compromisso. Após a longa conversa com seu avô, ao diálogo telepático com a árvore, ao tempo que ficou batutando essa ideia na cabeça, após tudo isso a menina recolheu-se da varanda dobrando ao meio a caideira de praia, livrando-se da bituca de cigarro e carregando a mini-xícara nas mãos.
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