sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Nos falta a terra vermelha

As vezes, assim der repente, sinto cheiro dessa terra vermelha. Sinto o sol á pino queimando os ombros quando descemos a ladeira de rolimã pra chegar até a fábrica de sabão desativada. Depois de chegar, sentimos medo e subimos correndo a bendita ladeira, com o carrinho de rolimã embaixo do braço. Pulamos o muro que ainda é baixinho e tomamos água da bomba no quintal da casa da vó. Quase posso ouvir o trem com mais de cem vagões que passa na frente de casa. Parece que o comprimento dele é infinito e o barulho insurdecedor, mesmo assim corremos pra ve-lo do começo ao fim! Do quarto, ouvimos o barulho do piso rangendo e das gotas d´água que pingam do bebedouro incansavelmente madrugada a dentro. Enquanto o vô almoça ele escuta o jornal do meio dia e cochila no sofá. Aí todos ficam em silêncio e se esperamam pelo chão da sala que ainda é pequena. Estamos todos confortáveis e cochilamos também. A comida esfria mas continua gostosa como sempre. Parece que o feijão é mais feijão pq é da vó! Cabe até congelar num pote de sorvete pra viagem e chegar em Curitiba ainda fresquinho! Melhor ainda é o gosto da pokán que arrancamos do pé da árvore, assim que descemos do carro, ainda com os travesseiros lá dentro. As bicicletas empoeiradas no depósito rejuvenescem quando passeamos pela cidade ovo em meio aos tratores do campo. Os para-quedas em minuatura rendem boas risadas. O macarrão com coxa de frango no domingo rendem boas lembranças com a familia. As casas que dividem o mesmo quintal se revelam um labirinto de informação e pessoas, abrindo um leque de opções para dormir, e acima de tudo muito competitivo. Nesse lugar sem modernidades o ócio é benéfico á alma. Lavar a roupa á mão é tão mais gostoso. Sair á pé e chegar á tempo é tão mais saudável. Conhecer o gosto do cachorro quente prensado é tão mais divertido. Superlotar a cama de casal com primos, primas, tios, tias e ávos é sublime e inexplicável. Essa saudade de tudo extremamente simples, ingênuo e verdadeiro toma conta de nós a cada dia e sentimos simultaneamente uma alegria inexplicável e uma dor que dói em paz na alma.

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